
Espécies nativas e de reflorestamento: é possível construir sua casa sem desrespeitar a natureza.
Quando todos os olhares se voltam para o desmatamento das florestas brasileiras, o uso de madeira nativa é posto à prova. Estudiosos da área, no entanto, afirmam que a solução não está em bani-la da obra. “Proibi-la significa atestarmos que a nossa floresta não tem valor”, avalia o engenheiro florestal Reinaldo Herrero Ponce. “É preciso ressaltar a importância de uma aquisição consciente”, diz o engenheiro paulista Edo Callia, Estruturas de Madeira. Ela começa pela seleção dos fornecedores. Por isso, nesta reportagem, ao lado das espécies ideais para a estrutura da casa você encontra o nome de madeireiras indicadas por profissionais. Também vale recorrer ao novo sistema Cadmadeira (Cadastro de Comerciantes de Madeira), com madeireiras identificadas pelo Certificado Madeira Legal, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado. Esse atestado comprova a responsabilidade ambiental dos produtos do estabelecimento, fique por dentro das melhores espécies para estruturas, telhados, madeira de reflorestamento e das nativas e certificadas.
Para a estrutura da casa
Para a estrutura da casa, o melhor são as opções de alta densidade. “Em geral, quanto mais pesada, maior a resistência mecânica e a durabilidade”, explica Luis Carlos Zanchet, da Zanchet Madeiras, de São Paulo. Estas espécies nativas têm densidade e resistência altas ao ataque de fungos e cupins – menos a tatajuba, de densidade e resistência médias – e documento de origem florestal (DOF).
Boas para o telhado
No telhado, garapeira é bem-vinda. “Mas ela deve ficar protegida da chuva, pois apodrece rápido”, alerta Sérgio Rodrigues, Segundo Luis Carlos, o cambará é indicado, mas pede atenção. “Seu alburno [parte periférica do tronco] tem muito amido, alimento de cupim. Por isso, proteja bem a madeira”, alerta. Ele lembra que a cupiúba e o angelim-vermelho, extremamente resistentes, têm o problema do mau cheiro. “Dizem que o odor diminui, mas na verdade é o olfato que se acostuma”, conta. “Só sugiro usá-los com stain, cobertos por forro e longe da umidade, que aumenta o cheiro”, adverte Luis Carlos.
Espécies de reflorestamento
Para equilibrar o consumo de árvores nativas, desde os anos 60 o Brasil passou a contar com espécies plantadas. “As madeiras de reflorestamento, como pínus e eucalipto, podem ser cortadas com idade entre 10 e 15 anos, enquanto qualquer nativa precisa de mais de 30 anos”, avalia Carlos Alberto Funcia, presidente da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS). Segundo ele, temos 6,1 milhões de hectares de florestas plantadas e devemos dobrar esse número em até oito anos. Mas alguns cuidados precisam ser lembrados, já que essas árvores não dispõem de alta resistência natural e pedem tratamento químico em autoclave.
Nativas certificadas
Há quem defenda que a única forma de ter certeza sobre a procedência legal é comprar madeiras com selos de certificação – só o DOF não bastaria. Eles atestam que a extração de nativas e reflorestadas seguiu planos de manejo sustentável, em que se retiram controladamente as árvores, com baixo impacto ambiental e preocupação social. “Mesmo que certa carga de madeira tenha entrado legalmente em São Paulo, não significa que ela tenha sido produzida de forma legal”, observa Maurício Voivodic, coordenador de certificação de florestas naturais do Imaflora. As espécies ao lado têm densidade e resistência altas ao ataque de fungos e cupins – menos a muiracatiara, com durabilidade menor em relação a cupins.
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